quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Interferência Eletromagnética no Espaço Sobre o Brasil - A Anomalia Magnética do Atlântico Sul

Na região sul do Brasil, com o centro situado entre o litoral e o mar existe uma grande anomalia no campo magnético do planeta.
A visão que temos sobre o campo magnético terrestre ( e que normalmente aprendemos na escola) é que existem dois polos magnéticos bem definidos no planeta, o norte e o sul. Neste caso as linhas de campo resultam em um modelo bem comportado e simétrico das linhas de campo no entorno do planeta.
A realidade porém, é muito diferente do modelo ideal que conhecemos. A Terra possui diversas regiões com anomalias em que o campo é maior ou menor que o esperado, o que distorce as linhas de campo que circundam o planeta. A maior anomalia de todas é conhecida como Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS) – na literatura técnica a anomalia é conhecida pela sigla SAA (vem do inglês: South Atlantic Anomaly). Na região da AMAS o campo magnético é muito inferior ao esperado.
O campo magnético terrestre mantém afastadas do planeta as partículas eletricamente carregadas que viajam pelo espaço. Caso tais partículas e radiações de origem cósmica penetrassem a atmosfera a Terra seria um planeta estéril e sem vida. As partículas barradas pelo campo magnético terrestre circulam o espaço ao redor do planeta no que é conhecido com Cinturão de Van Allen e que normalmente possui uma altitude de 1000 km a 5000 km.
Devido ao baixo campo magnético na região da AMAS o cinturão de Van Allen fica muito mais próximo à superfície do planeta. Desta maneira, satélites, telescópios e a Estação Espacial Internacional - ISS sofrem problemas de interferência eletromagnética quando sobrevoam a região sul do Brasil. Isto ocorre devido ao cruzamento com as partículas carregadas do cinturão do Van Allen, baixo nesta região.
Os problemas relatados são: queima de componentes eletrônicos, dificuldade de comunicação, operação errática e outros. Até mesmo os astronautas são afetados quando atravessam a região. Alguns deles relatam manchas na visão, o que é ocasionado pela interação entre compostos químicos presentes nos olhos e as partículas carregadas. O problema ocorre apesar da blindagem eletromagnética que recobre a Estação Espacial Internacional .
Alguns satélites e o telescópio espacial Hubble desligam preventivamente diversos dos seus sistemas quanto atravessam a região. A AMAS é objeto de diversos estudos, especula-se que a mesma está em permanente deslocamento ou mesmo ampliação. Espera-se que a ciência consiga verificar se as especulações possuem fundamento.
texto: EMField Engineering do Brasil/Eng. Ricardo Luiz Araújo
, site: www.emfield.com.br 

Campo magnético terrestre, a região em azul claro (campo magnético baixo) é a anomalia magnética do atlântico sul - AMAS (SAA), a imagem é da Nasa

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